terça-feira, 1 de junho de 2010

Pretendia soltar os bichos...

Apenas pretendi. Mas não o fiz.
Deixei que a calma retornasse.
Não, não foi fácil.
Centenas de sugestões ruins rodearam minha mente.
Esbravejei.
Chutei.
Mordi.
Enfureci.
Quase, e por pouco, perco a razão.
A razão de ser um bicho racional.
Bicho racional que gosta dos bichos.
Não os que atormentavam. Os outros bichos.
Finalmente, a calma.
Ufa!
Quase fiz merda!
Serenou-me os animos a lufada de bom senso.
Veio em ondas calmas,
Quase imperceptíveis.
Mas com força.
A força do bom senso e da calmaria.
Uma truculência persuasiva e calmante.
Uma forma de brochar, sem perder o tesão.
A vida é um grande tesão.
O amor é uma semente que gera flores e frutos,
E precisa ser regada e cuidada com carinho redobrado.
Coisa que o ódio, feito trator, destroi em segundos.
Sem remorsos.
Sem sentimento de culpa.
Sem nada.
Apenas a satisfação (mórbida, é verdade) por destruição.
Eu me senti um acrobata no arame, a se desequilibrar.
Pendendo de um lado a outro, feito um joão-bobo.
Mas as asas bateram ao lado e detiveram a queda.
Deixei a fúria de lado.
Deixei a raiva.
A insânia dos momentos perturbados.
Sai da asfixia e respirei fundo, com se voltasse de um longo mergulho aflitivo.
Pretendia soltar os bichos...
Soltei, mas eles evaporaram. Sem deixar resquícios ou cheiros.
Apenas ouço o eco longinquo do vozerio que me acompanhava em coro.
Queriam minha cabeça.
Queriam ver-me pelas costas.
Queriam apunhalar-me.
Apenas me acompanha a vontade de tossir.
Como se todas as mágoas estivessem sendo expelidas a cada tossida.
Peço perdão.
Perdão.

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