terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Depois, o silêncio

Esse será meu último texto neste blog. Depois disso, o silêncio. Deixarei de escrevê-lo. Por algum tempo foi algo bom. Mas hoje, necessariamente, não é nada interessante. Por que digo isso? Porque minha concepção de olhar a vida mudou. Já não me vejo tentando decifrar as ondulações das filosofias, o modo de pensar dos homens, entender as estruturas políticas, perguntar por quê tanta injustiça, por que isto, por que aquilo, porque não tenho respostas.

A felicidade está em nós. Mas o mundo é infeliz porque vive atrás do próprio rabo. Nada satisfaz. Nada agrada. Depois de algum tempo, o enfado. A busca por outras sensações recomeça. Uma sede que nunca tem fim. E isso tudo para quê?

Meus últimos momentos são de abandono. Deixar tudo para trás. Não olhar para trás sob risco de virar uma estátua de sal, como a mulher de Ló.

O universo interior precisa ser entendido, o espírito precisa ser alimentado, mas não por tanta porcaria que o homem cria para depois esquecer em algum fundo de gaveta.

Não quero mais ser o escritor que acha que era. Não quero ser o filósofo que achava que poderia ser. Não me interessa saber porque os livros de Paulo Coelho fazem sucesso, nem porque Sidney Sheldon era tão bem sucedido, ou porque há prazer nos homens em ficar vendo pornografia em vídeo ou em livros.

Ai do lado de fora tanta coisa acontecendo, tanta gente se esvaindo, e nós nos tornando cada vez mais capengas e obsessivos.

A paz que buscava eu encontrei, ainda que com adversidades.

Nem riquezas, nem o topo do pódio, nem as luzes dos holofotes, nem a bajulação dos admiradores de ocasião.

Não quero mais perder meu tempo falando de coisas que não me atingem, e que discuto como se fossem itens de um supermercado.

Uma só boca, duas orelhas... o recado foi dado na concepção.

Adeus a todos. Sem mágoas. Sem ressentimentos. Nem saudades.

Um comentário:

  1. Se não se tem as respostas, indagar e perguntar talvez já não seja necessário.

    Abraços.

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